A Viagem

20-10-2014 22:19

CAPÍTULO I

 

A VIAGEM

 

 

Eu posso dizer com todas as letras que Jesus mudou a minha vida, contarei como, mas para isso é preciso primeiro entender como eu era antes.

 

Desde criança sempre tentei ser boa na medida do possível, mas tinha certos aspectos da minha personalidade e comportamento que estavam bem distantes do ideal cristão. Era óbvio que eu não conhecia a palavra, nem tinha curiosidade em saber, pois como a maioria das pessoas sempre associei a Bíblia e Jesus a religiões e igrejas e consequentemente um assunto chato, desinteressante e careta ao meu ver, principalmente para uma adolescente que não possuia base nenhuma para isso.

 

Pensamento que hoje sei, influenciado pelo mundo em que vivemos, onde não só isso, mas inúmeras coisas nos induzem a pensar de certa forma. E eu era uma perfeita marionete nas mãos da máquina que controla os mecanismos de influência nos cidadãos.

 

Uma menina de personalidade forte, muitas vezes chamada de “do contra”, pois tinha prazer em fazer exatamente o contrário do que me era requisitado. Uma verdadeira rebelde sem causa, que tinha no seu coração o desejo puro e duro de “ser livre”, e era isso que sempre movia o meu espírito. Tanto para o lado bom, como para o mau.

 

Liberdade essa que eu achava que iria conseguir com certas atitudes, entre elas: me impor perante meus pais, sair de casa e ir morar fora, experimentar tudo que eu considera-se que tinha vontade ou capacidade de gerir. Tinha um pensamento digamos que feminista, achava que se eu me iguala-se com relação as mesmas atitudes, pensamentos e comportamento masculino, estaria cada vez mais próxima do que eu almejava, a tão sonhada liberdade.

 

O tempo foi passando e aos poucos fui conquistando minhas vontades e sonhos, porque mesmo eu não estando com Deus de forma consciente, hoje sei que ele estava comigo, através dos meus pais me proporcionou muito do que eu precisava para estar onde estou hoje. Aos 17 anos de idade fiz o intercâmbio que sempre quis, muito mais do que imaginei, pois tive a oportunidade de morar em três países europeus a minha escolha. Conheci uma nova realidade, um novo mundo estava sendo descoberto, aprendi línguas, conheci pessoas de culturas totalmente diferentes da minha, meu horizonte se abriu de uma forma que foi a partir daí que comecei a dar valor a certas coisas que antes nunca tinha dado ou parado para pensar nisso, uma delas era a presença dos meus pais e da minha irmã na minha vida. Muitas vezes precisamos perder para dar valor, infelizmente é assim. Essa e outras lições foram tiradas dessa viagem.

 

Quando voltei ao Brasil, depois dessa viagem tão reveladora, tinha na minha cabeça objetivos muito bem traçados. Queria estudar Relações Internacionais, e um dia quem sabe, me tornar uma diplomata, ou algo assim. Mas a minha realidade estava muito distante dessa, morava numa cidade pequena, que na altura nem tinha esse curso, e também não tinha possibilidades de ir para onde queria morar e estudar. Sentia a cada dia que passava que estava regredindo numa cidade que naquele momento nada me oferecia. Mas a vida tem coisas que nós muitas vezes não entendemos nem sabemos como acontecem. Foi aí que surgiu através da grande perda do meu avô de eu ir morar em São Paulo com a minha avó que agora estaria sozinha.

 

Muitos não sabem, mas eu tinha ido especificamente para o velório do meu avô, praticamente só com a roupa do corpo. Foi quando minha querida “nona” me disse: ´Moniquinha, você quer morar com a vovó?´ eu nem precisei responder, era óbvio que era o que eu mais queria. Foi nessa cidade, que vivi os capítulos mais intensos dessa jornada na busca da liberdade.

 

 

"Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará."

Salmos 37:5